No Brasil, seis pessoas concentram a mesma riqueza que 100 milhões mais pobres, segundo Oxfam
NoticiasEstudo sobre desigualdade realizado pela Oxfam aponta que, no Brasil, apenas seis brasileiros concentram uma riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres, o que corresponde à metade da população atual de 207,7 milhões de pessoas. Se esses seis bilionários gastassem um milhão de reais por dia, juntos, levariam 36 anos para esgotar seus patrimônios.
O levantamento afirma também que os 5% mais ricos da população detêm a mesma fatia de renda que os demais 95%. Com um recorte de gênero e raça, a Oxfam observou que somente em 2047 as mulheres ganharão o mesmo salário que homens, enquanto negros terão a renda equiparada à dos brancos apenas em 2089. Uma trabalhadora que ganha um salário mínimo por mês (R$ 937) levará 19 anos para receber o equivalente aos rendimentos de um super-rico em um único mês, compara o estudo.
No mundo inteiro, de acordo com a Oxfam, oito pessoas detêm o mesmo patrimônio que a metade mais pobre da população. Ao mesmo tempo, mais de 700 milhões de pessoas vivem com menos de US$ 1,90 por dia. O Brasil caiu 19 posições no ranking de desigualdade social da ONU neste ano e está entre os 10 mais desiguais do mundo. Na América Latina, fica atrás apenas da Colômbia e de Honduras. Para alcançar o nível de desigualdade da Argentina, o Brasil levaria 31 anos; 11 anos para alcançar o México; 35 o Uruguai; e três o Chile.
A apresentação do relatório intitulado «A distância que nos une: um retrato das desigualdades brasileiras» destaca que ele traz um «debate público urgente» sobre a sociedade brasileira. «Não somente pelos níveis extremos de desigualdade, que são eticamente inaceitáveis e nos transformam em uma sociedade onde uma parte da população passa a valer mais que outra, mas também pelos recentes e preocupantes retrocessos em direitos, nunca vistos desde a reabertura democrática no Brasil», explica o documento.
Segundo o estudo, os fatores que explicam as desigualdades no Brasil são o sistema tributário regressivo que sobrecarrega os mais pobres e a classe média com altos impostos, e a perda de progressividade no imposto sobre a renda dos mais ricos. Além disso, as discriminações de raça e de gênero também são mecanismos que bloqueiam a inclusão de negros e mulheres na distribuição de renda, riqueza e serviços. Soma-se a isso o sistema político concentrador de poder e altamente propenso à corrupção, segundo aponta o levantamento.
Para a diretora executiva da Oxfam e coordenadora da pesquisa, Katia Maia, é preciso que a população se envolva com esse debate. «A população sabe que paga muitos impostos, mas é importante que a sociedade esteja encaixada neste debate para começar a pressionar o Governo pela reforma tributária».
Katia destaca que a aprovação da PEC do teto de gastos (congelamento das despesas do Governo Federal por até 20 anos) é uma medida que deveria ser revertida para o país avançar na redução da desigualdade. «É uma medida equivocada. Se você congela o gasto social, você limita o avanço que o Brasil poderia fazer nesta área», diz.
O estudo da Oxfam aponta ainda que a expansão de políticas públicas e sociais se mostram importantes para a redução da pobreza e aumento direto ou indireto do orçamento familiar dos que possuem renda muito baixa. O investimento na educação também diminui as diferenças salariais, bem como a ampliação da cobertura de serviços essenciais (fornecimento e tratamento de água, saneamento básico, assistência médica e hospitalar, transporte coletivo), a valorização do salário mínimo e a formalização do mercado de trabalho.
Leia a íntegra do relatório aqui.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional com informações da Oxfam Brasil